As Mentiras e Suas consequencias

"Minha definição de uma sociedade livre é uma sociedade na qual é seguro ser impopular." - Adlai Stevenson

"É dificil entender como verdade.

SUSUKI, um pintor, foi preso numa rua do subúrbio de OSASCO enquanto caminhava com seu filho de quatro anos, que foi deixado chorando na calçada.
Um homem louco disse que ele era um membro de uma organização terrorista inexistente chamada "Apolo11". Ele foi levado para o quartel general da O.B. e torturado. Quando alguns dias depois descobriram que o acusador era louco. Susuki também ficou louco."

FONTE: PROTESTO CONTRA TORTURA, 18 de Junho de 1970:Ivan Morris (Home account Current Issue Archives Subscrptions Calendar Newsletter Gallery NYR Books)

Começo meu texto com esse relato histórico de um dos ocorridos muito comuns (mais do que se pensa) dos tempos da ditadura militar brasileira.No passado a maior arma para ferrar uma pessoa era espalhar um boato sobre ela. Se você espalhasse que alguém era comunista, podia não ser verdade, mas aos olhos de todos ele se tornava um. O que não deveria ser problema a não ser pelo fato de que os comunistas estavam sendo perseguidos, presos e torturados. Muitos inclusive acabaram por se tornar comunistas por culpa da própria perseguição, do isolamento que a perseguição causava, enfim vários motivos. Existiam jornais que publicavam listas com palpites de quem seriam os próximos perseguidos pelo sistema, e podia ser até que algumas pessoas dessa lista não fossem perseguidas de fato, mas pra grande massa elas já estavam, já eram comunistas, terroristas e entre outras coisas. Assim se o seu nome fosse parar em alguma dessas listas podia apostar que mais cedo ou mais tarde você seria perseguido mesmo, acredito que muitos jornais não inocentemente fizeram isso propositalmente assim tinham uma arma a mais contra muitos de seus inimigos. O caso era tão serio que muitas vezes pessoas eram perseguidas, presas e torturadas só por terem parentes metido na guerrilha.Fato é que foi um episodio terrível na história que nunca deveria voltar a se repetir, e dá medo existirem pessoas hoje que clamam a volta de tal regime, mas esse ainda não é o ponto que eu queria chegar.

Curioso que do mesmo jeito que a mentira foi uma arma no passado é uma arma hoje, em discussões de internet por exemplo quando o assunto é politica entre alguns grupos libertários inventar que uma pessoa Ancap permite que muitos ignorem o que ela está falando, que se jogue varias pessoas que nem se sabe o que se está discutindo contra ela e até finalmente é a desculpa pra ser expulso de grupos de facebooks ou comunidades de orkut. Mas até ae nenhum problema realmente sério, isso só vêm a expor pra muitos a desonestidade intelectual de quem usa esses meios pros mais atentos mas nada que vá modificar de fato a vida de uma pessoa, afinal as verdadeiras relações sociais não se dão virtual.


Agora o problema mais sério é para alem do virtual nos rolés propriamente ditos, existe uma arma muito semelhante entre os sem escrúpulos aos dois exemplos citados acima. Mentiras, calunias e difamações, e vou inclusive mostrar certas semelhanças com o regime ditatorial. Do mesmo modo que na ditadura no rolé pra maior parte dos grupos existe "um inimigo a ser perseguido/combatido", nos grupos antifas em tese esses grupos seriam os fashos. Algumas vezes se estende também ao que esses grupos chamam de Fascistas sociais, termo que usam pra generalizar erroneamente qualquer sectário (mesmo os sectarios que não usem de violência e coerção). Assim quando muitos têm problema pessoal com uma pessoa, muitas vezes problemas imbecis como "ele ganhou de mim numa discussão", "prega uma opinião diferente da minha" ou até "ele roubou minha namorada" já se torna uma desculpa para queimar essa pessoa num meio. Aos grupos que combatem sectários a desculpa por muitas vezes passa por simplesmente inventar que tal pessoa é sectária, em tempos onde o sectarismo já não é mais condenado (ou ainda não é) se inventa logo que a pessoa virou fascista ou careca ou coisa do tipo. Se inventa que a pessoa disse N coisas que não disse, ou até que viu com pessoas que não viu, assim essa pessoa também tal qual no nosso primeiro exemplo vai ficando isolada, pessoas do rolé vão evitando o contato com ela (exatamente igual era na ditadura com os perseguidos políticos), até que o fato da pessoa se fazer menos presente vai se somando como argumento de que a pessoa está pilantrando ou trocando de lado. Chega então o dia que essa pessoa  está sozinha numa rua escura e então toma um pau dos "Antifas" salvadores da pátria, e tal qual eram as ações do CCC ao atacarem os comunistas, essa atitude de bater nesse individuo é justificada afinal, era só mais um fascista, só mais um que trocou de lado, só mais um pilantra. A história logo cai no esquecimento o estigma da pessoa que apanhou continua, mas cada dia vai se buscando novos alvos para caluniar. O caluniadores e violentos de plantão só vão ganhando assim status e poder decisório, afinal não é isso mesmo que eles querem?



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