"Desentalei, e escarrei, dadaismo puro e sem volta atras."

Pois é, o mundo dá voltas e vamos evoluindo, espero sempre estar nesta constante evolução, nunca em um status quo, sempre em ascensão a uma mente mais anarquista e libertaria do que nunca, e como que por ironia do destino, há pouco tempo atras, olhava os anarkopunx e como muitos, falava que eram chatos e "sectarios" como é de prache e clichê de muita gente.

O que é ser sectario? É ir contra seu comodismo que te prende ao bar, que te prende a agressão, as roupas gringas e caras, enquanto que na mão direita levanta hinos libertarios da guerra civil española e na esquerda levanta sua cerveja cara, ou quando pior, seu punho sempre pronto pra "treta"...

Evoluí, e não é isto que quero, quero ação! E quando olhar alguem que esta na correria, organizando som, levantando zine, okupando, fazendo tudo no do it yourself, pergunte a sí mesmo o que é ser o "chato" do rolê, ser chato é ser aquele que não tolera atitudes homofobicas?? (e cá entre nós, no seu sagrado rolê, isto é corriqueiro) Ser chato é não aceitar seu comodismo bonitinho de butique, enquanto papai te paga as contas e você pode usar um patch novinho, e ser conveniente a anarquia só quando esta em banca, e para auto-afirmar seu ego pobre em conteudo?? Ser chato é cuspir na sua cara seu consumismo exacerbado, como que impulsionado por uma hipocrisia retorica que não te faz enxergar o que é ser punk, o que é ser libertario e o que é PRODUZIR?

Fique pois muito bem neste seu role imaculado, enquanto estamos ralando, colando, organizando, xerocando, okupando, desapropriando, intervindo, reciclando, desconstruindo dia após dia nossos dogmas internos, fique com ele e abrace-o confortavelmente, sabendo que papai e mamãe estarão em casa, e que anarquia é bom, mas dá trabalho, que suar para arar uma terra é coisa de hippie né?? Xiii tinha esquecido, você é um anarquista de direita que classifica tudo fora da sua bolha de hippie né?? Puts, me perdoe por vomitar meu suco gastrico em você, mas sei que ao ler isso, você vai se identificar, eu não preciso apontar ninguem, você se apontará e vai comentar aqui um paragrafo todo se defendendo, poupe a caimbra em seus dedinhos preciosos, você vai precisar deles pra combater o fascismo nas ruas né, na porrada....Puts, desculpa de novo, é que eu me esqueci né que para você ser anarquista é unicamente bater em fascista, urrando seus clichês: "antifa antifa antifa" e logo após a TRETA, acalmar seus musculos, enfiando um delicioso big mac na boca, e tomando um delicioso milk-shake no starbucks, e se sentir bem por ter feito a anarquia né??

Andric está mais ácido que nunca, e só tende a piorar (melhorar no meu ponto de vista, to produzindo 200% a mais), e você?...Bem, você vai ser punk hoje, amanhã vai na balada e segunda feira?? Não levará a anarquia para seu cotidiano e vai fazer piadinhas homofobicas e sexistas com seus amigos de trabalho, porem não se preocupe, vai chegar sexta e sabado de novo e poderá ser o SUPER ANTIFA!!

E você, é o clark kent? Dupla identidade? Prazer, eu sou o coringa todo dia e meu cotidiano é punk.

Desentalei, e escarrei, dadaismo puro e sem volta atras.


ass: Andrix.





Dedicado a com quem errei ou Ps: eu te amo ♥

Esse texto é dedicado a uma pessoa em especial ( que eu amo) , mas talvez sirva pra mais gente, sempre tem quem pise na casca de banana e escorregue feio.
Eu que o diga.
As vezes mesmo tendo certeza de que algo era ruim eu repeti os mesmos erros. Minha intenção talvez fosse proteger algum tipo de ego, sei la, talvez eu esteja sendo refém do inconsciente, aquelas coisas introjetadas que a gente só percebe ser besteira depois de ter feito.
 Não que isso torne menos grave, não me ausento da culpa um segundo sequer . Uma coisa que eu acho muito importante e que você ajudou que eu descobrisse, foi o valor de pedir desculpa e ouvir, não eu não parei de errar, mas já costumo pensar 10 vezes mais antes de deixar o comum, o ''modo macho'' me vencer.
Atualmente eu tenho falhado demais, e essa falha, esse erro, não é como eu enxergo as coisas, eu sempre ressaltei que são erros, e não prq ''tem que ser assim '', mas prq fica evidente que minha postura foi uma piada de tremendo mal gosto.
E to pensando e escrevendo, tentando não apenas me desculpar, mas tentando traçar um novo caminho, abrir uma outra alternativa, afinal as ferramentas já foram concedidas por você, que sempre me ouviu, desde nossa primeira conversa lembra? jamais me reprimiu, jamais disse ''não pode'', pelo contrario, sempre me pôs pra cima e sempre disse que eu era capaz. Você  tmbm sempre gostou do que eu escrevi, né? Alias, foi graças a isso que nos conhecemos.
Acho que talvez seja onde fica mais fácil pra mim descer do palanque, sair de mim, ver pela ótica de quem foi magoada pelo que eu fiz ou falei.Quer dizer, a ideia de ouvir, em vez de se usar como medida já esta aqui, eu só preciso transformar em ato .
O que pra muitos homens poderia ser ''besteira'' pra mim se torna muito importante, saber que tem gente que tem pontos sensíveis que são diferentes dos meus.
Saber que tem gente com outras experiencias, outras situações, outros comuns, e que troca de experiencia e de aprendizado vale muito mais do que ficar se afirmando.
E  você  é a pessoa  que me ensinou a ouvir.
aprendendo a repensar cada pedacinho, e a expurgar o que me incomoda.
Me mostrou que o impossível  é superado pela tentativa. Que essa palavra é só uma barreira a se transpor.
Me mostrou que mais vale perder lutando que não arriscar.
Eu nem sei da onde você consegue ter tanta paciência, Eu só tenho mesmo que agradecer.

Te amo Bruna ♥

O Garoto

Ele usava vestido, maquiagem, meia-calça, brinco de argola e salto alto .
Ae foi Humilhado,
xingado ''ei viado
cuspido, espancado
expulso,
demitido,
queimado...
Nao sabia o que havia de tao ameaçador
Que fazia brotar feito semente
no coraçao de tanta gente
toda aquela violencia.
Ao simples fato de nao tomar parte em algum tipo de ''contrato''
Que ele nem lembrava de ter assinado
Mas que sofre toda a vida por nao ter cumprido.

Aos amigos que perdi com o tempo.



 Nos últimos tempo ocorreram algumas coisas, que me deixaram realmente triste, por ver que pessoas que andavam comigo, sabiam o suficiente da minha vida, para que pudessem confiar e eu confiar nelas, acabaram falando de mais, fazendo comentários sobre mim, em lugares que talvez eu nunca chegasse a ver, se eu não fosse muito bem informado sobre tudo que acontece, como sempre fui.

Deixo apenas uma citação, um prólogo de um livro...

Prólogo de O Anticristo- Nietzsche
“ Este livro destina-se aos homens mais raros. Talvez nem possa encontrar um único sequer que ainda esteja vivo. Estariam eles entre os que compreendem o meu Zaratustra. Como poderia eu misturar-me com aqueles a quem hoje se presta ouvidos? Só o futuro me pertence. Há homens que nascem póstumos.

Conheço muito bem as qualidades que devo ter para que alguém me compreenda, aquelas que necessariamente o forçam a compreender-me. Para suportar a minha seriedade e a minha paixão é preciso ser integro nas coisas de espírito até às ultimas consequências; estar acostumado a viver nas montanhas, a ver abaixo de si o mesquinho charlatanismo atual da política e do egoísmo dos povos; e finalmente, ter se tornado indiferente e jamais perguntar se a verdade é útil, se chegará a ser uma fatalidade...  Necessária é também uma inclinação para enfrentar as questões que ninguém se atreve a elucidar; inclinação para o proibido; predestinação para o labirinto. É preciso que tenham experiência de sete solidões.

Ouvidos novos para  uma musica nova. Olhos novos para o mais distante. Uma consciência nova para verdades que até hoje permaneceram mudas. E uma vontade de economia de grande estilo: reunir sua própria força, o seu próprio entusiasmo... O respeito por si mesmo, o amor próprio, a liberdade absoluta para consigo...

Muito bem, só esses são os meus leitores, os meus verdadeiros leitores predestinados: Que importa o resto? O resto é somente a humanidade. É necessário ser superior à humanidade em força, em grandeza de alma – e em desprezo... 
Friedrich Nietzsche.”


A diferença da defesa ganguista pra legitima defesa.


Pessoas que saem por ai brigando e fazendo baderna, quando questionados , falam que estão se defendendo e que foram atacados primeiro. Isso me remete às minhas brigas na primeira serie do ensino fundamental, onde duas pessoas violam o direito à palavra e à liberdade de expressar suas ideias e vontades e simplesmente justificam isso, com o simples, “ele que começou”, mas ambos não estão errados? Ambos não estão em contradição?

Se eu defendo a liberdade, alguém diz que não gosta de mim, eu tenho já de instantâneo a liberdade para violar todo e qualquer direito sobre si, da outra pessoa? Ou o correto será todo mundo que eu discordar, eu me sentir agredido e bater nele?

Talvez tenhamos milhões de super homens ao redor do mundo, quando não são atacados, se dizem defensores das minorias, “ele bate em negro, bate em mendigo, bate em pobre” , mas isso é só uma outra forma de inflar seu ego liberalista branco, hetero e classista. Se voce fosse reparar, veria que somos vistos como negros, gays e pobres  por todas as leis impostas sobre nós, e sendo assim, cada um que se sentir atingido por homofobia, racismo,e desigualdade social, ele que deveria lutar contra, eu não tenho qualquer dever sobre outra pessoa, e defender outras pessoas é basicamente mostrar que voce é superior, pois ela não consegue se defender sozinha, voce consegue se defender sozinho e ainda defende ela. Uma coisa bem comunista aos meus olhos.

Esses grupelhos que defendem isso e aquilo e são famosos pelas brigas e etc, nenhum tem poder algum de me evitar de formar uma autogestão aqui em São Paulo ou em qualquer outro lugar do Brasil, sendo assim, eles não são ameaças à qualquer libertário, são apenas grupelhos brigando por visual nas ruas. Se eles agredirem alguém a pessoa se defende, nada mais humano que isso.

Legitima defesa seria isso, voce seguir o seu rumo vital, buscando as suas filosofias e se algum dia alguém violar sua liberdade individual, você terá toda a liberdade de fazer o que bem entender com a pessoa. Mas se existe uma propaganda de guerra e provocações e depois se usa do discurso que ta se defendendo, é apenas a defesa ganguista.

Pra mim, cada um deve escolher a filosofia de vida a ser seguida e vivê-la. Ninguem tem nada a ver com as suas escolhas e ninguém poderá te julgar, até por que ninguém te sustenta e ninguém tem vinculo algum com voce.  Porém esse policiamento todo, pessoas fardadas nas ruas olhando o visual do outro, procurando inimigos pra bater é muito a cultura policial que todo mundo diz ser contra.


Individualismo Metodologico

Temos visto que a metodologia da libertação (aqui chamada “marxismo”) é essencialmente uma manipulação dessas arquias que conhecemos como “classes ideologicamente constituídas”, visando a garantia de que as classes inocentes dos oprimidos prevaleçam sobre as classes cruéis dos opressores. Entretanto, ao invés de qualquer coisa que se assemelhe a uma “teoria árquica”, o individualismo metodologico chega até o problema das classes através de uma aproximação radicalmente anarquista. O individualismo metodológico vai simplesmente negar que essas “arquias de classes” (mulheres contra homens, pobres contra ricos, escravos contra senhores, judeus contra gentios) tenham algum poder real, alguma significância ou realidade. Ele alcançará uma comunidade sem classes – não tentando subjugar pela força as diferenças de classe – mas sim ignorando-as e vivendo acima delas, simplesmente procedendo de maneira a viver sem classes. Esse individualismo opera por meio da idéia da insistência que seres humanos são sempre indivíduos e nunca unidades que constituem coletivos de massa chamados “classes”. Subentende-se, é claro, que esses seres humanos sejam tratados como indivíduos ao invés de serem embolados em “solidariedades” e manipulados pelo interesse de qualquer luta de classes. O conceito marxista de “solidariedade de classe” é uma invenção, uma ficção, um logro e uma desilusão. É tão intangível quanto qualquer fantasma que tenhamos algum dia fantasiado. A identidade de ninguém é essencial, por exemplo, “mulher” – isso automaticamente a coloca numa solidariedade ideológica, fazendo dela uma da classe, fazendo dela uma “irmã” para qualquer bloco de poder que se auto intitule MULHER. Não, ela é quem ela é, um indivíduo que – de maneira alguma determinada pelo seu gênero – será “mulher” se ela escolher se definir assim; será dada a ela qualquer “solidariedade” que ela quiser, ao invés de ser empurrada para qualquer tipo de distinção de classes ; será feito do seu gênero o que ela decidir fazer disso; ela será “irmã” de algum homem porco chauvinista se for isso o que ela deseja (os homens também tem “irmãs”, você sabe). Ela pode ignorar a sua classificação e viver fora de qualquer classe; se for isso o que ela desejar fazer. Uma pessoa pode estar involuntariamente sob servidão – mas isso não faz dela, involuntariamente, um membro da “classe escrava” – isso não dita que ela tenha que participar da mentalidade escrava, ter uma solidariedade ideológica com todos os outros escravos, enxergar o seu amo como um inimigo opressor, ou se deixar ser usado como um peão em qualquer luta de classes. Mesmo se 99% dos escravos demonstrar um caráter em particular, não quer dizer que a pessoa deva. Sua individualidade sempre tem preferência sobre esse tal status de classe. Se for de sua vontade, um homem tem o direito de ser atingido pela pobreza sem ser amarrado no “o pobre humilde [quem] crê” de Charles Wesley. E ser rico não coloca necessariamente alguém em solidariedade com “os ricos orgulhosos que não crêem”. Porque existem somente indivíduos de todos os tipos que chegaram a baixos níveis de renda de várias maneiras, e que estão encontrando essa situação de várias maneiras... e porque existem somente indivíduos (bem possivelmente alguns do mesmo tipo de pessoas que, sem mudar ideologicamente, já foram alguma vez parte de outra classe), que chegaram a altos níveis de renda de várias maneiras e estão encontrando a situação também de diferentes maneiras. Portanto, não existem tais entidades como um bloco dos “ricos orgulhosos” oprimindo o bloco dos “pobres humildes”. A criação de uma sociedade socioeconomicamente sem classes, dificilmente se realizará com a promoção de uma guerrilha de classes entre solidariedades imaginárias.

Anarquia Cristã - Vernard Eller (1987)
ver também "O Problema da Tomada de Poder"
http://pseudonimoantifascista.blogspot.com.br/2012/05/o-problema-da-tomada-de-poder-por-uma.html

Pacifismo e progresso.

Manchester Evening News, 14 de fevereiro de 1946.

“Pacifismo” é uma palavra vaga, pois costuma ser entendida coo uma expressão apenas negativa, ou seja, uma recusa a realizar o serviço militar ou uma rejeição da guerra como instrumento político.

Em si mesmo, isso não acarreta nenhuma implicação política definida, nem há um acordo geral quanto às atividades que um resistente à guerra deva aceitar ou recusar.

A maioria dos objetores de consciência simplesmente não está disposta a tirar a vida de pessoas, mas não se nega a cumprir uma tarefa alternativa, como o trabalho agrícola, no qual sua contribuição para o esforço de guerra é indireta, em vez de direta.

Por outro lado, os resistentes à guerras realmente intransigentes, que se recusam a executar qualquer forma de serviço militar compulsório e estão dispostos a encarar a perseguição em nome de suas crenças, são pessoas que não tem objeção teórica à violência mas são apenas oponentes do governo que porventura está travando uma guerra.

Desse modo, houve muitos socialistas que se opuseram à guerra de 1914-8, mas que apoiaram a de 1939-45 e, levando-se em conta suas premissas, não havia incoerência nisso.

A teoria toda do pacifismo, se supormos que significa renuncia total à violência, está aberta a objeções muito serias. É obvio que qualquer governo que não esteja disposto a usar a força ficará à mercê de outro governo, ou até mesmo de um individuo que seja menos escrupuloso, de tal modo que a recusa de usar a força tende simplesmente a tornar a vida civilizada.

Porém há pessoas que podem ser descritas como pacifistas que são inteligentes o bastante para admitir isso e que, ainda assim tem uma resposta. E embora existam diferenças de opnião entre elas, essa resposta é mais ou menos a seguinte.

É claro que a civilização depende agora da força. Depende não somente de canhões e aviões bombardeiros, mas também de prisões, campos de concentração e do cassetete da policia. E é bem verdade que, se as pessoas pacificas se recusam a se defender, o efeito imediato é dar mais poder a gangsteres como Hitler e Mussolini. Mas também é verdade que o uso da força torna impossível o verdadeiro progresso. A sociedade boa é aquele em que os seres humanos são iguais e em que cooperam uns com os outros de bom grado e não por medo ou compulsão econômica.

Esse é o objetivo que buscam socialistas, comunistas e anarquistas, cada um a sua maneira. Obviamente ele não pode ser alcançado num instante, mas aceitar a guerra como instrumento é se afastar dele.
A guerra e a preparação para a guerra tornam necessário o Estado moderno centralizado, que destrói a liberdade e perpetua as desigualdades. Alem disso,toda guerra gera novas guerras. Mesmo que a vida humana seja totalmente varrida do mapa-e este é um desdobramento bastante provável, tendo em vista a capacidade de destruição das armas atuais-, não pode haver avanço genuíno enquanto esse processo continuar.

É provável que ocorra uma degeneração, pois a tendência é que cada nova guerra seja mais brutal e degradante do que a anterior. Em um momento ou outro, o ciclo precisa ser rompido. Até mesmo ao custo de aceitar a derrota e a dominação estrangeira, devemos começar a agir pacificamente e nos recusarmos a pagar o mal com o mal.

No inicio, o resultado provável disso será o fortalecimento do mal, mas esse é o preço que temos que pagar pela historia bárbara dos últimos quatrocentos anos.  Ainda que seja necessário lutar contra a opressão, devemos fazê-lo por meios não violentos. O primeiro passo em direção à sanidade é romper com o ciclo de violência.

Entre os escritores que podemser, em termos gerais, agrupados como pacifistas e que provavelmente aceitariam o que eu disse acima como declaração preliminar de suas concepções estão Aldous Huxley, John Middleton Murry, o falecido Max Plowman, o poeta e critico anarquista Herbert Read e vários escritores muito jovens, como Alex Comfort e D.S Savage.

Os dois pensadores com que todos esses escritores estão, em algum grau, em divida são Tolstoi e Gandhi. Mas poderíamos distinguir entre eles ao menos duas escolas de pensamento: O que está de fato em questão é a aceitação ou não do Estado e da civilização mecânica.

Em seus primeiros escritos pacifistas, como “fins e meios” Huxley enfatizou sobretudo a loucura destrutiva da guerra e exagerou um pouco no argumento que não se pode obter um resultado bom usando métodos maus.  Nos últimos tempos, parece que chegou a  conclusão de que a ação política é inerente má e que, a rigor, não é possível salvar uma sociedade- só indivíduos podem ser salvos e, mesmo assim, apenas por meio de exercícios religiososque a pessoa comum dificilmente pode executar.

Na verdade, isso significa perder as esperanças nas instituições humanas e aconselhar a desobediência ao Estado, embora Huxley tenha feito um pronunciamento político definitivo.  Middleton Murry chegou ao pacifismo pelo caminho do socialismo, e sua atitude em relação ao Estado é um pouco diferente: Não pede que seja simplesmente abolido e se dá conta de que a civilização da maquina não pode ser jogada no lixo, e não será jogada no lixo.

Em um livro recente, Adam and Eve, ele defende a ideia interessante, embora discutível, de que se quisermos manter a maquina, o pleno emprego é um objetivo que deve ser abandonado. Uma industria extremamente desenvolvida, se funcionar em tempo integral, produzirá superávit inutilizável de bens e levará à luta por mercados e à competição em armamentos cujo fim natural é a guerra.

O objetivo deve ser uma sociedade descentralizada, agrícola em vez de industrial, e que valorize muito mais o lazer do que o luxo. Uma sociedade assim, pensa  Murry, seria inerentemente pacifica e não incitaria ao ataque, mesmo com vizinhos agressivos.

Herbert Read, que como anarquista considera o Estado algo a ser repudiado em sua totalidade, curiosamente não é hostil à maquina. Ele pensa que o alto grau de desenvolvimento industrial é compatível com a ausência completa dos controles centrais. Alguns dos pacifistas mais jovens, como Comfort e Savage, não oferecem um programa para a sociedade como um todo, mas enfatizam  a necessidade de preservar a individualidade contra a invasão tanto do Estado, quanto dos partidos políticos.

Veremos que a verdadeira pergunta é se o pacifismo é compatível com a luta pelo conforto material. Em termos gerais o pensamento pacifista vai na direção de uma espécie de primitivismo. Se quisermos um padrão de vida alto, precisamos de uma sociedade industrial complexa, mas isso significa planejamento, organização e coerção- Em outras palavras, implica o Estado, com suas prisões, forças policiais e inevitáveis guerras. Os pacifistas mais extremados diriam que a própria existência do Estado é incompatível com a verdadeira paz.
Está claro que, se alguém pensa dessa maneira, é quase impossível imaginar uma regeneração completa e rápida da sociedade.  O ideal pacifista e anarquista só pode ser realizado aos poucos, se tanto.  Daí a ideia que assombra o pensamento anarquista há cem anos, de comunidades agrícolas autossuficientes, nas quais a sociedade não violenta e sem classes pode existir, por assim dizer, em pequenos retalhos.

Em diferentes momentos, comunidades assim existiram realmente em varias partes do mundo: Na Rússia e nos Estados Unidos do século XIX, na frança e na Alemanha no anteguerras e na Espanha, por um breve período durante a guerra civil.

Também na grã- Bretanha, pequenos grupos de objetores de consciência tentaram algo desse tipo em anos recentes. A ideia não é simplesmente escapar da sociedade, mas criar oásis espirituais como os mosteiros da Idade Media, a partir dos quais possa se difundir aos poucos uma nova atitude em relação à vida.

O problema dessas sociedades é que jamais são genuinamente independentes do mundo externo, e que só podem existir enquanto o Estado, que consideram seu inimigo, achar melhor tolerá-las. Num sentido mais amplo, a mesma critica se aplica ao movimento pacifista como um todo.

Ele só pode sobreviver onde exista algum grau de democracia; em muitas partes do mundo, jamais conseguiu existir, não havia movimento pacifista na Alemanha nazista, por exemplo.

A tendência do pacifismo, portanto, é sempre enfraquecer os governos e sistemas sociais que são mais favoráveis a ele. Não há duvida de que, durante os dez anos anteriores à guerra, a predominância de ideias pacifistas na Grã-Bretanha, na França e nos Estados Unidos estimulou a agressão fascista. E mesmo em seus sentimentos subjetivos, os pacifistas ingleses e americanos parecem mais hostis à democracia capitalista do que ao totalitarismo. Mas num sentido negativo, suas criticas foram uteis.

Elas enfatizaram com razão que a sociedade atual, mesmo quando os canhões estão calados, não é pacifica, e mantiveram viva a ideia- de algum modo esquecida desde a Revolução Russa- de que o objetivo do progresso é abolir o a autoridade do Estado e não fortalecê-la.

George Orwell.